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domingo, 28 de outubro de 2018

O monte dos vendavais e o Vento nos salgueiros

 Hoje não vamos falar de livros, ainda que pudéssemos falar  de O vento dos vendavais, de Emily Brontë, ou O vento dos salgueiros, de Kenneth Grahame, títulos que desde já aconselhamos  e que estão disponíveis na nossa BE, mas não é agora a nossa intenção.
Contudo, são títulos que ficavam mesmo bem quando queremos descrever o que aconteceu , no passado dia 13 de outubro, quando o ciclone tropical atlântico, Leslie, atingiu Portugal, particularmente na região centro, sendo a terceira vez que um furacão atingiu o território continental, e este o mais forte desde 1842.

O concelho de Montemor-o-Velho foi um dos mais fustigado pela intempérie. Obrigando escolas, tais como a EB2/3 da Carapinheira, a fechar e a necessitar de obras, devido aos estragos provocados e a alunos a terem de ser realojados , temporariamente, na escola sede, em Montemor-o-Velho.




Por Pereira também  o Leslie  deixou a sua marca, assinando páginas de destruição, quer na parte ribeirinha, deixando muitos campos de milho e de arroz, ainda não colhidos, destruídos, quer  na parte mais elevada da povoação, com casas parcialmente destruídas e muitas árvores de fruto partidas e totalmente arrancadas.
Como podem concluir, estes títulos ficavam mesmo  a matar...ainda que  a matar tivesse sido o Leslie.

 Mas se a Natureza nos dá um furação; voltamos a plantar e a reconstruir e no entretanto aproveitamos  para fazer um registo escrito, para mais tarde recordar...
Foi esta a proposta dirigida às turmas do 7º e 8ºano de escolaridade  pelo professor de Português  João Paulo Almeida . Os alunos responderam à sugestão e os trabalhos  de recuperação da memória recente apareceram. 
E aqui fica um registo coletivo, compilado pelo professor João Paulo, com os testemunhos deixados pelos alunos.
Outras páginas, escritas com a emoção de quem fez a história na primeira pessoa, aguardam-se...



O furacão Leslie  



      Tendo andado alheado das notícias, apenas soube da iminente chegada do furacão Leslie pela minha mãe através de telemóvel. Ora, a minha mãe já está velhinha e preocupa-se com tudo. Pensei, naturalmente, que se tratava de uma ventania mais forte.

     Pelo contrário! Cerca das dez horas da noite, os ventos precipitaram-se e fustigaram o mundo. Não choveu por aí além. Aquilo que mais impressionou foi o uivar do vento, as copas das árvores a vergarem, lixo, objetos soltos a rolarem pelas ruas. A luz elétrica logo cessou. Regressou apenas na segunda-feira ao fim da tarde. Sem eletricidade, a vida muda. É nestas ocasiões que percebemos como estamos tão dependentes da tecnologia. Por exemplo, o fogão de que dispomos é elétrico, não há gaz em casa. Resultado: tivemos que cozinhar na lareira, improvisadamente. Também tive que deitar-me mais cedo. E foi como um breve regresso aos tempos dos nossos avós: sob os lençóis, a ouvir o rugir da tempestade!

     Apesar da evidente violência da tempestade, não pensei que os estragos fossem tantos como depois se soube pelas notícias. Em minha casa, voaram umas telhas e um pequeno caramanchão no jardim esbarrondou-se. Nada de especialmente grave, felizmente. Agora, há que reparar e precaver a tempo.


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