Se ainda não o fizeram, podem sempre ir espreitar os capítulos anteriores, esta bisbilhotice é permitida, não tenham problema, a leitura agradece.
Como vimos, nos episódios anteriores, os vários instrumentos, colegas da viola, queriam saber muito qual o motivo da sua inutilidade, mas para ele, recordar essa situação era muito desagradável, evitava falar do assunto. Todavia, os instrumentos não o largavam, todos queriam saber as razões do seu infortúnio .
O trombone até quis saber qual a reação do público, quando o seu mestre ficou, em plena atuação, com a viola a desafinar, devido à falta da corda! E tanto insistiram que a viola contou mais um bocadinho da sua história. Prestem atenção ao que ela nos disse.
«Após eu ter
partido a minha corda, durante o sarau, o rapaz que me estava a tocar não pegou logo noutra viola, nem retomou logo a música, antes pelo contrário. Ficou muito nervoso, muito embasbacado e sobretudo muito envergonhado com medo que a assistência, que estava a assistir ao espetáculo começassem a gozar e a criticar.
A sua primeira reação foi fugir do palco e esconder-se num cantinho da escola, longe dos olhares das pessoas. A diretora de turma e a professora de Música foram logo atrás dele e acabaram por o encontrar, lavado de lágrimas, nas escadas da escola. As professoras falaram com ele, tentaram acalmá-lo e aconselharam-no a voltar ao palco e justificar porque razão ele tinha saído daquela maneira e ter interrompido a sua atuação .
O meu dono
seguiu o conselho das professoras, voltou ao palco e justificou-se. Depois do
rapaz ter dado a sua explicação, a plateia levantou-se e aplaudiu-o e um dos espectadores do sarau, elogiou a sua coragem por ter voltado ao palco e referiu que estes imprevistos eram perfeitamente normais e aceitáveis e aconselhou-o a retomar a sua atuação, com outra viola.
Ouvindo
estas palavras, o rapaz agarrou a viola e alegremente começou
a tocar. Toda a gente adorou a sua atuação e recebeu muitos elogios de várias
pessoas.
Como eu fiquei abandonada e esquecida num canto do palco, no final do sarau, um
dos finalistas do 9º ano agarrou-me e levou-me para a sala de música. E por aqui, fui ficando, na minha solidão. Abandonado e rejeitado, como um trapo velho e inútil... E por favor não me voltem a fazer recordar esta situação.
- Desculpa, só mais uma coisa, disse a flauta, o teu dono nunca te procurou ? Nunca ninguém pensou em reparar a tua corda.?
- Noutro dia, noutro dia, já foram emoções a mais para uma só tarde.
Lara Monteiro
6 A
N 8