Hoje não vamos falar de livros, ainda que pudéssemos falar de O vento dos vendavais, de Emily Brontë, ou O vento dos salgueiros, de Kenneth Grahame, títulos que desde já aconselhamos e que estão disponíveis na nossa BE, mas não é agora a nossa intenção.
Contudo, são títulos que ficavam mesmo bem quando queremos descrever o que aconteceu , no passado dia 13 de outubro, quando o ciclone tropical atlântico, Leslie, atingiu Portugal, particularmente na região centro, sendo a terceira vez que um furacão atingiu o território continental, e este o mais forte desde 1842.
O concelho de Montemor-o-Velho foi um dos mais fustigado pela intempérie. Obrigando escolas, tais como a EB2/3 da Carapinheira, a fechar e a necessitar de obras, devido aos estragos provocados e a alunos a terem de ser realojados , temporariamente, na escola sede, em Montemor-o-Velho.
Por Pereira também o Leslie deixou a sua marca, assinando páginas de destruição, quer na parte ribeirinha, deixando muitos campos de milho e de arroz, ainda não colhidos, destruídos, quer na parte mais elevada da povoação, com casas parcialmente destruídas e muitas árvores de fruto partidas e totalmente arrancadas.
Como podem concluir, estes títulos ficavam mesmo a matar...ainda que a matar tivesse sido o Leslie.
Mas se a Natureza nos dá um furação; voltamos a plantar e a reconstruir e no entretanto aproveitamos para fazer um registo escrito, para mais tarde recordar...
Foi esta a proposta dirigida às turmas do 7º e 8ºano de escolaridade pelo professor de Português João Paulo Almeida . Os alunos responderam à sugestão e os trabalhos de recuperação da memória recente apareceram.
E aqui fica um registo coletivo, compilado pelo professor João Paulo, com os testemunhos deixados pelos alunos.
E aqui fica um registo coletivo, compilado pelo professor João Paulo, com os testemunhos deixados pelos alunos.
Outras páginas, escritas com a emoção de quem fez a história na primeira pessoa, aguardam-se...
O furacão Leslie
Tendo andado alheado
das notícias, apenas soube da iminente chegada do furacão Leslie pela minha mãe
através de telemóvel. Ora, a minha mãe já está velhinha e preocupa-se com tudo.
Pensei, naturalmente, que se tratava de uma ventania mais forte.
Pelo contrário! Cerca
das dez horas da noite, os ventos precipitaram-se e fustigaram o mundo. Não
choveu por aí além. Aquilo que mais impressionou foi o uivar do vento, as copas
das árvores a vergarem, lixo, objetos soltos a rolarem pelas ruas. A luz
elétrica logo cessou. Regressou apenas na segunda-feira ao fim da tarde. Sem
eletricidade, a vida muda. É nestas ocasiões que percebemos como estamos tão
dependentes da tecnologia. Por exemplo, o fogão de que dispomos é elétrico, não
há gaz em casa. Resultado: tivemos que cozinhar na lareira, improvisadamente.
Também tive que deitar-me mais cedo. E foi como um breve regresso aos tempos
dos nossos avós: sob os lençóis, a ouvir o rugir da tempestade!
Apesar da evidente
violência da tempestade, não pensei que os estragos fossem tantos como depois
se soube pelas notícias. Em minha casa, voaram umas telhas e um pequeno
caramanchão no jardim esbarrondou-se. Nada de especialmente grave, felizmente.
Agora, há que reparar e precaver a tempo.